Tao (o caminho)
O Tao cria sem possuir; age sem expectativa; completa sem controlar.
O que é o Tao
O Tao é a lei eterna e onipresente que originou e rege o universo. Ele deu origem aos primeiros entes, que originaram os demais. Embora os sentidos não possam percebê-lo, deu origem a eles e a tudo que eles podem perceber. O rio corre para o oceano obedecendo à gravidade, que obedece ao Tao. Os reis e a natureza subordinam-se ao Tao como os camponeses se subordinam ao rei. O Tao é supremo.
Ele não é belo, mas é melhor que as coisas belas; pois é seu criador e regente. O Tao não é notado porque não damos atenção àquilo que é muito natural; e, como natural é o que está de acordo com o Tao, ele próprio é totalmente natural. É um equívoco chamar de “destino” os resultados que nos surpreendem, pois nossa surpresa não vem da falta de ligações coerentes entre causa e efeito, mas de não as percebermos porque o Tao age com wuwei (ação invisível).
Unidade do universo
Apesar das aparências, todas as coisas são uma só, pois tudo é regido pela mesma lei, como o corpo de um ser com autocontrole perfeito.
De certa forma falamos sobre o Tao sempre que falamos sobre qualquer coisa, pois ele abrange tudo; de certa forma nunca falaremos dele, pois ao dizermos “Tao” referimo-nos ao conceito que temos dele, e não a ele próprio. Os arrogantes riem do Tao porque, se o levassem a sério, teriam que admitir a liminação de seu conhecimento. Seu verdadeiro nome só poderia ser dito por seres iluminados (iluminação é a compreensão do Tao), mas nem Lao Tzu sabe esse nome.
O nome que pode ser dito não é o verdadeiro nome, pois nosso conhecimento sobre tudo é incompleto e só podemos referir-nos aos aspectos da realidade que conhecemos. Para nomearmos absolutamente uma única coisa precisaríamos conhecer a todas por completo, pois cada uma contém suas infinitas relações com as demais, e ao nomeá-la estaríamos nomeando também todas as outras, o que inutilizaria a própria nomeação, já que todas teriam o mesmo nome. Assim como um quadrado infinitamente grande deixa de ser um quadrado porque não tem pontas, o nome completo deixa de ser um nome porque não identifica nada. Por isso aquele que sabe não diz; e aquele que diz, não sabe.
Como seguir o Tao
As coisas são melhores quanto mais alinhadas ao Tao, mas, como cada coisa é única, cada uma tem uma forma particular de alinhar-se a ele. Uma coisa é estragada quando modificada ou controlada conforme regras gerais, ou específicas para outra. Esforços assim contrariam a natureza, e acabam cedendo a ela. Até o que é ruim está parcialmente de acordo com o Tao. Para consertá-lo, não basta encontrar um modo de torná-lo bom: é preciso encontrar um modo de fazê-lo de acordo com o Tao.
Agir de acordo com o Tao exige pouco esforço, e tende a levar-nos ao sucesso. Por isso cada coisa deve ser direcionada conforme suas particularidades. O que se empurra da forma como pode ser empurrado por um caminho pelo qual pode passar, não oferece resistência. Se uma ação gera alguma resistência, significa que possui algum grau de incompatibilidade com o Tao.
Como o Tao é simples e a perfeição é a total conformidade com ele, a vida perfeita é simples. As leis complicadas que os países elaboram só são necessárias porque as pessoas não seguem o Tao.